Help-Portrait (a minha história)

by Elis Alves posted 01/11/2012 category Artes/Fotografia, Curitiba, Inspiração, Interessante, Mundo

Por Jeremy Cowart – Traduzido por Elis W. Alves

Depois de uns 2 anos tentando finalmente estou participando de uma iniciativa SUPER legal chamada Help-Portrait. Este movimento foi criado pelo super-fotógrafo Jeremy Cowart e consiste em: 1) encontrar uma pessoa passando por necessidade, 2) tirar o retrato dela, 3) revelar/imprimir o retrato, e 4) entregar o retrato pra ela. Esta necessidade pode não ser uma necessidade física necessariamente. Ela pode ser de qualquer tipo, inclusive emocional. E é esta idéia de dar o retrato para quem foi fotografado ao invés do tradicional  ‘tirar’ que é o que torna este projeto tão legal.

Com a chegada da tecnologia e das câmeras de celulares a fotografia se popularizou. Isto é uma coisa boa. Muito boa. Muito mais pessoas tem acesso a fotos do que jamais tiveram desde que surgiu a fotografia. No entanto este alto volume de fotos também nos faz esquecer do poder que tem um simples retrato. Abaixo segue o testemunho do Jeremy Cowart sobre uma das experiências mais marcantes que teve no Help-Portrait de 2010.  O link do post original você encontra aqui, o link para o grupo que estou participando em Curitiba está aqui,  e este é o video (em inglês) se quiser saber mais sobre o movimento Help-Portrait.

Me perguntaram: “Quais são suas fotos favoritas e por quê gosta tanto delas?”

Uma pergunta bem normal, eu acho. Procurei no meu computador e encontrei uma pasta que tinha esquecido aonde guardava o que simplesmente chamava de “Fotos Marcantes”.

Aí vi uma foto que tirei no ano passado durante o Help-Protrait e imediatamente fiquei atordoado. Fiquei tão atordoado que sentei e chorei por uns minutos. Eu tinha me esquecido desta imagem. O poder dela me atingiu como se tivesse sido arremessado contra uma parede, e me arrebentou.

No ano passado eu estava participando do Help-Portrait em Seattle e notei uma mulher que estava no canto com seus quatro filhos. Ela parecia muito silenciosa e solitária. Fui até ela e comecei a conversar.  Descobri que tinha acabado de se mudar da Palestina para Seattle. O marido dela faleceu repentinamente de um ataque do coração havia algumas semanas. Aí, alguém tentou matar seu filho atropleando-o com um carro por causa do conflito entre Israel / Palestina. Para ela isto foi a gota d’água; arrumou suas coisas e de alguma forma conseguiu mudar-se com a família para Seattle. Ela disse que não tinha cozinhado ou limpado nada por semanas desde que tinha chego nos EUA por estar em profunda depressão.

Mas de algum jeito ela descobriu sobre o Help-Portrait e trouxe seus filhos. Em seu inglês hesistante, ela me explicou que enquanto o marido estava vivo, eles nunca tinham tirado sequer uma foto de família. Nenhuma. Aí ela me entregou um retrato de seu marido e perguntou se eu poderia adicioná-lo na foto para criar sua primeira foto de família.

Tiramos algumas fotos e mais tarde lhe perguntei:

– Tem mais alguma coisa que você precisa? Dinheiro, comida, abrigo?

Ela respondeu:

– Eu só queria um dia em que meus filhos pudessem ser amados e brincar com outras crianças. Meus filhos tem sorrido e brincado o dia todo. Você me deu tudo o que preciso.

Nem preciso dizer  que foi um dia incrível, cheio de emoções. Conseguimos criar sua primeira foto de família ‘photoshopando’  seu falecido marido na foto que tiramos.

Aí, na outra noite em Chicago, achei esta foto e me debulhei em lágrimas. Chorei, e não se ouviu um pio da platéia. Chorei um pouco mais. Mais silêncio. Imagine só: tinham umas 120 pessoas ali, sentadas, olhando para mim. Eu não esperava encontrar esta foto. Mas todas aquelas emoções me atropelaram de uma vez. Nós nos esquecemos do poder de uma fotografia para famílias e pessoas que não têm acesso a câmeras. Mas naquele momento, me lembrei de tudo e fui impressionado novamente pelo poder do Help-Portrait.

Agora estou muito empolgado com o dia de amanhã e esperando para ouvir todas as SUAS histórias.

 Fotos do blog de Jeremy Cowart.

2 Responses to Help-Portrait (a minha história)

  1. Caramba, que máximo isso…

  2. Ual! Chorei.

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